Você já se perguntou o que é mais eficaz para ganhar massa muscular: um treino de musculação focado na carga ou no número de repetições? Essa é uma dúvida comum entre os praticantes de musculação e, felizmente, um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trouxe algumas respostas interessantes. Neste artigo, vamos explorar as descobertas desse estudo e entender como a carga e as repetições podem influenciar o ganho de massa muscular.
O Estudo: Carga versus Repetições
O estudo realizado na Unicamp acompanhou 18 indivíduos ao longo de oito semanas, submetendo-os a diferentes tipos de treinamento. Uma parte dos participantes realizou exercícios com pesos mais altos e menor número de repetições, enquanto os demais realizaram séries mais longas e com menos carga. A massa muscular foi medida tanto no início quanto no final do período de treinamento.
Surpreendentemente, os resultados mostraram que não houve diferenças significativas em termos de ganho de massa muscular entre os dois grupos. Tanto o treino com carga alta quanto o treino com repetições mais longas proporcionaram resultados semelhantes. Essa descoberta desafia a ideia convencional de que a carga é o principal fator para o ganho de massa muscular.
Ativação Muscular e Estresse Metabólico
Para entender melhor como a carga e as repetições podem influenciar o ganho de massa muscular, os pesquisadores realizaram análises de ativação muscular e estresse metabólico nos participantes do estudo. Durante as avaliações, foram coletadas amostras de sangue em diferentes momentos: antes do treino, cinco minutos após o exercício e uma hora depois.
Os resultados mostraram que, embora a ativação muscular tenha sido maior no grupo que treinou com cargas mais altas, o estresse metabólico foi semelhante nos dois grupos. Isso indica que, apesar das diferenças na ativação muscular, os dois tipos de treinamento podem agir pelas mesmas vias metabólicas para induzir a hipertrofia muscular.
Metabolômica e Hipertrofia Muscular
Uma análise metabolômica realizada no estudo identificou a variação de 50 metabólitos no sangue dos participantes durante a ativação muscular. Embora a maioria desses metabólitos tenha se mostrado semelhante nos dois grupos de treinamento, alguns deles se correlacionaram com a hipertrofia muscular.
Os pesquisadores observaram que a creatina e a fosfocreatina, metabólitos associados ao metabolismo anaeróbio, estavam mais expressos no grupo que treinou com cargas mais altas. Por outro lado, a asparagina e o aceto-acetato, metabólitos associados ao ciclo de Krebs e ao metabolismo aeróbio, foram encontrados em maior quantidade no grupo que treinou com repetições mais longas.
Essas correlações sugerem que a resposta metabólica ao treinamento pode estar relacionada às características das fibras musculares ativadas pelo exercício. As fibras do tipo 2, responsáveis pela contração rápida e com alta atividade glicolítica, podem ser mais responsivas à hipertrofia em treinos com cargas mais altas. Já as fibras do tipo 1, com alta capacidade oxidativa e resistência à fadiga, podem ser mais ativadas em treinos com repetições mais longas.
Dois Aliado Com o Mesmo Proposito
Com base nos resultados desse estudo, podemos concluir que tanto o treino com carga alta quanto o treino com repetições mais longas podem promover ganho de massa muscular de forma igualmente eficaz. A ativação muscular pode variar entre os dois tipos de treinamento, mas o estresse metabólico e o resultado de hipertrofia muscular são semelhantes.
Portanto, a escolha entre carga ou repetições deve ser baseada nas preferências pessoais e nos objetivos individuais de cada praticante de musculação. É importante variar o treinamento ao longo do tempo para evitar a estagnação e estimular diferentes adaptações musculares.
Lembre-se sempre de seguir orientações de profissionais de educação física para garantir a execução correta dos exercícios e evitar lesões. Além disso, uma alimentação equilibrada e o descanso adequado também são fundamentais para potencializar os resultados do treinamento de musculação.